Dias 24 e 25 de Agosto de 2015... Guardados na memória do Rio que Flui
16:49:00Rio de LeituraComo nos informa o Aurélio, “Guardar” é "vigiar", "buscar algo com a vista" para defender, preservar ou proteger. Em quaisquer desses sentidos, privilegia-se o sentido da visão. Ver algo que se oferece à contemplação, como uma ilustração feita com açaí e fogo de Maurício Negro, ou as cantigas populares rememoradas por Iaperi Araújo ou, ainda, a revisitação dos quadros de Picasso rememorados pela professora Tania Rosing.
Mãe de uma aluna leitora da Escola Neilza Gomes lê Drummond |
E vimos. Quase seis centenas de professores contemplaram dados ainda desanimadores com relação ao perfil leitor do potiguar na relação do potiguar com a Leitura com o resultado da Pesquisa Certus/IDE, com a Profª Claudia Santa Rosa. Estatísticas que poderiam estar em baús invioláveis, longe de serem reabertos.
O escritor Luiz Ruffato fez o contrário de guardar: compartilhou a sua biografia iniciando com a confissão de seu vicio pelos livros e como a "simples" entrada em uma biblioteca transformou a sua vida, estimulando os professores a prosseguirem nesse trabalho "de gerações".
Maurício Negro passeou nas suas ilustrações. Fábulas africanas e brasileiras, pintadas com açaí, fogo, enriquecidas com elementos como areia, café e anilina. Uma riqueza só! Em meio a uma literatura tão branca, Maurício trouxe a ‘negritude’ para os livros.
As professoras Araceli Sobreira, Ana Santana e Tatiana Mabel divagaram sobre memórias de leitura, relações de gênero e políticas públicas e revelou como a historia do livro se cruza com a historia da escola, mas sempre pertenceu a uma historia exclusivista.
Suzana Vargas abriu o seu baú quando disse: "Se for falar de amor, lembro de poemas do Cortazar, porque a literatura é minha referência e me ensinou tudo o que sei. A única certeza que temos na vida é acerca do seu movimento. E a literatura ajuda para entender essa dinâmica".
Miramos e guardamos Iaperi Araújo, aquele que se declarou mestiço no seu discurso de posse diante dos imortais. Ele trouxe os saberes populares: histórias de Trancoso, receitas, orações, cantigas de roda. Lembrou ao público presente como Djalma Maranhão construiu bibliotecas de taipa. Salizete Freire saudou a cultura popular e a literatura que eterniza essa cultura.
Enfim... Oxalá essas palavras consigam guardar os conhecimentos acumulados nesses dois dias. Tomara que se reproduzam em cada menino e menina que beberá dessas águas. Como bem resumiu a Profª Tânia Rosing: O termo ‘Seminário’ lembra-nos que estamos a plantar sementes; A palavra ‘potiguar' aponta para nossa identidade. Quando diz que é ‘prazer’, nos referimos à fruição de poder deliciar e ser através da leitura. E ‘leitura’ diz a que nos propomos.
Só através do fazer poético eternizaremos o que desejamos. Ficará, para sempre, guardado na memória de nosso coração.
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